O primeiro jogo de nave da Konami foi um joguinho arcade chamado Scramble. Lançado em 1981 e distribuído nos Estados Unidos pela Stern Electronics, Scramble é um jogo de nave horizontal difícil e viciante, onde o jogador deveria guiar sua nave através de cavernas cada vez mais difícieis, euqnato atira em tanques de combustível para manter sua nave no ar.
Scramble acabou recebendo uma espécie de continuação, chamada Super Cobra. Mas em 1985, Konami resolveu levar a idéia em uma direção diferente com o jogo Gradius. Gradius tem algumas semelhanças com Scramble – ambos são jogos de ação horizontal, ambos tem um ataque com bombas que permite atacar inimigos no solo, e ambos tem um sistema de checkpoint onde o jogador é enviado à um ponto anterior da fase. Entretanto, a necessidade de reabastecer a nave foi retirada, e a memória expandida permitia uma variedade maior de fases e várias armas diferentes. E com isso, a Konami revolucionou o gênero shoot-em-up.
A nave principal dos jogos da série Gradius é a Vic Viper, na cor branco-azulada (a sua nave irmã, que aparece em alguns jogos é a Lord British, que tem um design similar, mas é branco-avermelhada). À menos que você esteja equipado com um escudo, você é destruído com apenas um tiro. Combinando isso ao scroll relativamente lento e o sistema de checkpoints, estes elementos tornam Gradius bastante similar ao jogo R-Type, da Irem, publicado dois anos depois, em 1987.
Cada fase de Gradius consiste geralmente de três segmentos. O primeiro é o segmento de navegação, que consiste de um fundo espacial, e um número de inimigos simples. Seu objetivo é permitir que você se reabasteça de powerups entre as fases. O segundo segmento é a fase em si. Cada fase do Gradius tem algum tipo de tema – uma fase de cavernas, uma fase de fogo, uma fase de plantas, uma fase biológica, etc. O segmento final é duelo com o chefe de fase. Depois de derrotá-lo, a fase de “desfaz”, e o sgmento de navegação da próxima fase começa.
Em cada jogo da série existem certos elementos recorrentes. O mais proeminente são as estátuas Moai, as estranhas estátuas da Ilha da Páscoa. Quase todos os jogos da série Gradius tem uma fase cheia de Moais, que atiram anéis em você, de todos os ângulos. A maioria destas fases termina com uma luta contra vários Moais gigantes.
Entretanto, o chefe que mais aparece é o Big Core, que é assim:
O Gradius original só tinha um único chefe, o Big Core, que se repetia no fim de quase todas as fases. O seu ponto fraco é o centro da nave, protegido por uma série de pequenas barreiras. Depois de atravessar as barreiras, você eventualmente acaba danificando o núcleo (core), que vai mudando de tons de vermelho até explodir. Quase todas as naves maiores em Gradius são alguma variação dele, e várias delas tem múltiplos núcleos. É daí que vem o famoso bordão do Gradius, “Shoot the core!” (Acerte o núcleo!) – uma dica amiga dada pelo narrador. Outro aspecto recorrente em Gradius é o chefe final indefeso, que fica parado e atira poucos projéteis em você, mas pode ser destruído facilmente, sem muito esforço. A maioria dos finais é o mesmo também – a Vic Viper foge de um planeta/nave em segurança, enquanto este explode, e os créditos começam à rolar.
Um dos elementos mais exclusivos de Gradius é o seu sistema de powerup, que permite que você customize o seu armamento. Alguns inimigos – geralemente marcados em cor diferente – deixam cápsulas laranjas. Ao pegar uma destas cápsulas, se ativa a barra de powerup, que é assim:
À cada cápsula que você pega, você avança uma casa na barra de powerup. À qualquer momento você pode ativar o ítem selecionado, e a barra de powerup é resetada. Cada jogo da série geralmente tem a barra disposta da mesma maneira. O primeiro ítem é o Speed Up, que obviamente faz a sua nave se mover mais rápido. O segundo é Missile, que dispara mísseis – geralmente para cima ou para baixo – que pode ser usado para acertar inimigos em lugares onde as armas normais não alcançam. Nos jogos arcade, os mísseis são disparados por um botão separado, mas na maioria das versões para console, o disparo comum e os míssies são disparados pelo mesmo botão. A arma Double permite que se atire em duas direções simultaneamente. No Gradius original, um tipo será para a frente, e outro será num ângulo de uns 45º para cima. É mais fraco, e tem uma cadência de tiro ainda menor que a da sua arma inicial, mas é muito mais versátil. O Laser é uma arma poderosa que atira apenas para a frente, mas geralmente consegue atravessar vários inimigos, e causa bastante dano aos chefes. O Option (as vezes chamado de Multiple) invoca uma pequena bola brilhante, que segue o movimento da sua nave e amplia o seu poder de fogo. Nos jogos arcade, você pode ter até quatro Options, o que essencialmente quintuplica o seu poder de ataque. Mas se você tiver options demais, o jogo vai lançar um “Option Hunter” que irá roubar eles de você, se você não tiver cuidado. A habilidade “?” é na verdade um escudo, que equipa a sua nave com duas bolas de energia à sua frente, que absorvem alguns ataques frontais. Cada jogo da série depois do primeiro oferece u número de diferentes de pacotes de armamentos, formações de options e tipos de escudo, permitindo uma ampla variedade de configurações.
A genialidade da barra de powerup é que ela permite que você priorize suas armas de acordo com o seu tipo de jogo. Alguns não gostam de arriscar e preferem pegar o escudo o mais rápido possível, enquanto outros preferem arriscar mais e equipar-se de Laser e Options. Às vezes, algumas áreas são mais fáceis com a arma Double, então você pode mudar de arma à qualquer hora.
Entretanto, isto leva à um problema, conhecido não-oficialmente como “Síndrome de Gradius”. Quando você já está completamente equipado, o jogo acaba ficando bastante fácil. Você ainda pode ser morto facilmente se não tiver cuidado, perder todas as suas armas, e ter que recomeçar do zero. Com as armas padrão, você é absurdamente fraco, e algumas áreas se tornam muito mais difíceis. Isto parece um pouco estranho e desbalanceado, mas na verdade faz parte da diversão. Uma grande parte do desafio está em fazer o seu caminho através de situações apertadas e sem o benefício das armas extras, e lentamente reconstruir o seu arsenal. Isso é bem verdade nas batalhas contra os chefes, porque você nunca terá uma oportunidade de se rearmar completamente caso você morra e precise recomeçar o combate.
Gradius também conta com um estilo musical próprio. O jogo original para os arcades tem uma trilha sonora bem alegre e agitada, que é bem memorável, feita em sintetizador. A maioria dos jogos subsequentes mantiveram este estilo, que contrasta bastante com as trilhas sonoras inspiradas em tecno e rock encontradas na maioria dos outros jogos de nave.
Gradius começou nos arcades, e estes jogos são bastante difíceis. Praticamente todos os jogos foram portados para consoles domésticos, e geralmente eles foram rebalanceados para que nós, desprovidos de reflexos sobrehumanos, possamos ter alguma chance de vencê-lo. Existem cinco jogos oficiais da série, sem contar os três jogos para portáteis e o “side story” para o Playstation. Existem também alguns lançamentos exclusivos para o computador MSX, que trazem algumas idéias únicas para a mesa. Além dos jogos normais da série Gradius games, está coleção de artigos inclui uma olhada nos spin-offs Salamander e Parodius.
Veja mais fotos de todas as versões de Gradius na galeria abaixo.
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