Hi no Tori Hououhen é o quinto volume do famoso manga escrito por Osamu Tezuka, que começou em 1987. (“Hi no tori” literalmente significa “pássaro de fogo”, enquanto “hououhen” siginifica “Phoenix edition” [N.T.: Edição Fênix]). Konami desenvolveu dois jogos, ambos lançados em 1987, baseados na série, apesar deles terem tomado grandes liberdades com o material original. O jogo para NES é um jogo de scrolling lateral, enquanto o jogo para MSX2 é um jogo de tiro vertical. Ambos foram lançados por volta do mesmo tempo que um filme em anime foi lançado sobre o mesmo capítulo.

Gao no filme de anime
Ambos os jogos conta a história de Gao, um homem com um braço só que no passado era um assassino impiedoso que matava e roubava ao bel prazer, mas um acontecimento mudou sua vida para sempre, quando ele matou sua própria esposa devido á um mal-entendido. Há também um outro personagem no manga, Akanemaru, que esculpiu uma enorme fênix, que serve de peça central nesta história. Mas já que ele é mais um artista do que um personagem apropriado para um jogo de ação, Gao foi colocado como personagem principal e algumas outras coisas mudaram para poder colocá-lo no centrol da trama.

Hi no Tori (Famicom)
Para pagar pelos seus erros, ele começa à viajar como monge, esculpindo gárgulas. Um dia, o Imperador decreta: “encontrem-me alguém que possa esculpir a Fênix”. Então Gao cria a sua obra-prima, mas ela é roubada e dividida em 16 partes. Então Gao parte em busca destes fragmentos para poder remontá-la. Para aqueles que não leram o mangá, Gao nunca esculpiu a Fênix ou recebeu tal ordem de fazê-la. É na verdade outro personagem, Akanemaru, que esculpe a Fênix.

Hi no Tori (MSX2)
Vale notar que existe pouquíssima ou nenhum texto ou história nos jogos em si. O volume Karma volume e todos os outros volumes Fênix consistem em histórias incrivelmente complexas, que apresentam uma multidão de personagens e eventos. Seria quase impossível colocar isso tudo em um único jogo de NES devido as limitações do hardware. É quase como se o desenvolvedor tivesse decidido que era impossível adaptar a história e simplesmente fez o que quis com ela.
Hi no Tori Hououhen: Gao no Bouken (火の鳥 鳳凰編 我王の冒険 ) – Famicom (1987)

Capa do Famicom
O Hi no Tori para o Famicom pode usar a história de Gao, Hououhen, acomo base, mas também conecta à outros volumes: Amanhecer, Futuro, e Yamato (o primeiro, segundo e terceiro, respectivamente) através de viagem no tempo. Você começa em Yamato por seis fases, se teleporta para Amanhecer por outras três, se teleporta para Futuro por mais seis, e volta para Yamato para a última fase. Ao fim de cada fase, há geralmente um chefe ou um quebra-cabeça esperando por você. Ao fim, você recebe uma peça da Fênix e vai para a próxima fase. Estes são os princípios básicos dos jogos de plataforma, mas Gao no Bouken é sobre andar em círculos. Por exemplo, quando você termina a sexta fase de Yamato, você é mandado para o começo do jogo. Obviamente você não terminou o jogo ainda. Como você acaba por descobrir, existe um número de portais escondidos que vão e voltam entre os mundos, até você chegar na última fase.

Hi no Tori (Famicom)
O ataque principal de Gao’s é atirar lanças. Ele também pode dar uma pancada no chão pulando e pressionando para baixo quando você aterrisa, o que pode destruir vários terrenos e revelar coisas secretas, como estes portais. Gao também pode esculpir gárgulas ao se apertar para baixo + B, que você pode usar como plataformas pelo cenário para acessar áreas mais remotas. Infelizmente, o controle é um pouco estranho devido ao controle limitado do NES. Por causa disso, você não pode atirar lanças quando estiver agachado, mas pode atirá-las verticalmente. Se acostumar com a criação de gárgulas pode ser bem complicado, já que você pode materializá-las em pleno ar quando estiver sobre um abismo. Se você errar, morre. Os movimentos de Gao também são um pouco desengonçados, já que ele desliza um pouco, o que torna fácil escorregar para fora das bordas das plataformas. No mundo do Amanhecer, há ainda uma fase de gelo, que piora ainda mais este problema.

Hi no Tori (Famicom)
Você só tem um número limitado de gárgulas à disposição, mas o jogo te dá a chance de ganhar mais, matando inimigos. Quando eles morrem, eles te tornam gárgulas que deslizam pelo chão e que você pode pegar. Você perde a sua chance se elas caírem num buraco ou baterem numa parede, o que faz com que elas virem pedra. Cada fase também tem baús de tesouro com powerups, que você pode abrir atirando neles. À vezes eles caem do céu e você precisa acertá-los em pleno ar, ou irá perdê-los.
Existem alguns pontos em comum com o mangá, pelo menos. Ao fim de cada fase, aparece uma tela mostrando uma imagem da Fênix ficando completa, à medida que você obtém mais peças. Uma vez completa, ela se torna uma recriação da pintura que aparece no mangá. Alguns dos inimigos são monges carecas e bandidos que se parecem com algo do mangá. Mas o resto é composto mais por criaturas mitológicas, algo pelo qual o mangá não é conhecido, além da própria Fênix. A única exceção à isso é que o último volume do mangá dá enfoque mais mitológico à história.

Hi no Tori (Famicom)
As primeiras fases em Yamato parecem bem estranhas e te fazem pensar se o jogo não está bugado. O design tende à ficar cada vez melhor à medida que você avança no jogo. As fases do Futuro são particularmente impressionantes, com uma bela paleta de cores escuras, planetas distantes, estrelas piscando e estátuas de deuses. Tem um apelo um tanto cósmico. Vocè acaba enfrentando um super computador, que revela um logo da Konami quando derrotado. Apesar do logo, isso é de certa forma fiel ao mangá, pois no volume do Futuro, o mundo é destruído por dois super computadores se enfrentando. Quando você finalmente acha o seu caminho para a última fase, você volta para Yamato, no meio de uma erupção vulcânica. Isso é feito com bom nível de detalhe, com vários vermelhos, marrons terrosos e com a tela balançando. Apesar de não chamar muito a atenção, a música está no nível típico da Konami daquela época. Algumas das músicas tem uma influência asiática, o que encaixa bem, já que muito do jogo se passa no Japão medieval. Um dos compositores é Hidenori Maezawa, que é um dos compositores mais prolíficos da Konami.
Com o tema de viagem no tempo, Gao no Bouken não é realmente fiel aos temas do mangá, e os controles complicados tornam o jogo difícil de se jogar. O design não linear é bem diferente de qualquer outro jogo de plataforma da época, e é uma reviravolta bem-vinda, que muda a experiência completamente.