Do Outro Lado da Cerca: Meikyuu Jiin Dababa (1987, FDS)

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Por David Low

Capa de Meikyuu Jiin Dababa

Aqui está outro jogo de Famicom Disk System que nunca foi lançado para o NES, mas desta vez é mais fácil entender o porquê. Meikyuu Jiin Dababa (Templo Labirinto Dababa) não teria mudado a vida de ninguém no NES, mas aidna é um grande título de ação/quebra-cabeça, e outra pérola perdida do periférico da Nintendo para Famicom.

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Sobre a história do jogo, uma introdução curta, mas de qualidade surpreendente nos mostra que mais uma vez um demônio maligno abduziu uma garota, e desta vez a ambientação é num mosteiro indiano. Considerando que o personagem principal é supostamente um monge hindu, acredito que sua irmã é quem foi raptada, ou talvez eu esteja esperando autenticidade demais para um jogo de 1987, e ela seria sua namorada. De qualquer forma, nosso herói dele achar seu caminho pelo templo infestado de demônios até ser reencontrar com sua… amiga. Há um total de quatro áreas, cada uma contendo entre seis a dez fases.

Como se deve esperar da mecânica de movimentação “no grid” que é usada em vários jogos de puzzle clássicos do NES, em Dababa o seu personagem não se move livremente, mas sim salta de quadrado em quadrado. Você também pode saltar sobre um quadrado vazio, como oceano ou poço de lava. Você também pular no mesmo lugar, o que permite que você ative as placas do chão mais facilmente (elas precisam ser apertadas três vezes), mas você não pode pular sobre inimigos, já que você permanece no mesmo plano que eles. Isso realmente muda o ritmo do jogo, já que você tem uma mecânica “parar e girar” rolando, ao invés de ir direto na direção que você apertar, como no seu jogo normal de ação visto de cima.

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Fora isso, é basicamente um jogo de labirinto, onde você deve encontrar o gatilho para abrir a porta e encontrar o caminho para a saída. Na primeira fase de cada área, você deve atirar em todas as estátuas e/ou árvores, e algumas delas soltam powerups, e um deles abre a saída. Nas demais fases, você só precisa revelar todos os pisos “chave”, pegar o livro reluzente e fugir. Às vezes o jogo te engana com saídas falsas, te forçando à recomeçar a fase, ou pior, te mandando de volta para uma fase anterior. Outras vezes a verdadeira saída está escondida, te fornaço à ficar experimentando para encontrá-la.

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Para não dizer que não há ação, você tem que ficar sempre sem movimento, já que os inimigos continuam aparecendo e atacando constantemente, e armadilhas e perigos do cenário te forçam à avançar. As limitações de movimento fazem sua parte em vários quebra-cabeças, assim como na forma de se enfrentar os inimigos. Se um inimigo estiver atirando em você, não é tão simples quanto sair um pouquinho da frente dele e atirar de volta – em Dababa, você precisa anda um bloco inteiro para fora do caminho, virar, e então voltar. De várias maneiras, este estilo de movimento bloco a bloco lembra o  Startropics da Nintendo, que numa inversão estranha, nunca foi lançado no Japão.

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Dado que os inimigos renascem constantemente, é de seu interesse cair fora o mais rápido possível. Em algumas fases você é obrigado à fazer isso de qualquer forma, já que o chão começa à desaparecer. Às vezes isso parece uma grande cena de perseguição, onde você deve tomar decisões e fazer movimentos precisos sob pressão constante. Pelo menos existem muitos upgrades para serem encontrados. Armas extras incluem flechas, bolas de fogo, tiros triplos e o que parecem ser bolas de boliche gigantes. Sua energia também pode ser estendida por vários corações, e um certo item até diminui pela metade qualquer dano que você receber. Outro item mata tudo que estiver na tela, mas isso só garante um descanso temporário.

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À medida que o jogo avança, você vai ter que usar de tentativa e erro para entender a fase, e bolar soluções para cada obstáculo, tudo para ser implementado numa única passada. Nas fases posteriores não há tempo para se explorar enquanto se executa a solução correta para a fase, você já vai ter que saber o que fazer e ter praticado COMO fazer de antemão, para realizar isso à tempo. Ele se torna um daqueles jogos onde a melhor – e as vezes única – forma de vencer é com uma solução “perfeita”, se movendo num padrão exato, modificando isso apenas para se esquivar ou derrotar inimigos. Ele também se torna um pouco injusto, já que alguns inimigos podem se mover de jeitos bem chatos e te dá muito poucas formas de evitá-lo, e você fica naque situação “old-school” do “inimigo renascendo randomicamente no pior lugar possível”, arruinando sua passada perfeita pela fase, sem que seja culpa sua. Alguns inimigos são invencíveis e deve ser simplesmente evitados, apesar do seus movimentos erráticos. Felizmente existe uma opção de save, já que Dababa seria brutal sem isso.

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As lutas contra os chefes interrompem a ação, e são combatidas em uma visão lateral como num jogo de plataforma tradicional, com certa “flutuação”. Isso é bem estranho, já que o seu monge pode pular quase toda altura da tela, mas se move mais fácil pelo chão. O que também atrapalha é que você não pode simplesmente virar para esquerda ou direita – você deve saltar naquela direção, o que com certeza vai te custar um dano extra.

Os gráficos são bem agradáveis, mas não são espetaculares, mas como a maioria dos trabalhos da Konami, os gráficos no Famicom são feitos com cuidado em detalhes bacanas que dão personalidade à coisa toda. A sensação de templo misterioso foi captura com sucesso, e a mistura de imagens hindus e budistas é apropriadamente exótica. A trilha sonora, como a maioria do trabalho da Konami no FDS, é fantástica, com uma série de ótimas faixas no estilo indiano que se utilizam do cana FM extra para maior efeito. Mas infelizmente não existem muitas músicas, e devido ao grande número de fases isso pode se tornar repetitivo.

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No fim das contas, Dababa é outro esforço de altíssima qualidade da Konami no FDS, e apesar de ser um “clássico perdido” como Almana no Kiseki or Ai Senshi Nicol, ainda sim é uma pena que ele não tenha sido lançado para o NES, considerando quanto lixo lançaram, até mesmo pela própria Konami (era preciso mesmo relançar o Road Fighter na Europa em 1990 ao invés de lançar isso?), e é uma ótima opção se você quiser recriar aquela sensação retrô de jogar um grande jogo de NES pela primeira vez.

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