O antigo RPG japonês Hydlide é uma grande vítima das circunstâncias. Desenvolvido pela T&E Soft e lançado inicialmente em 1984, Hydlide foi um dos primeiros RPGs de ação desenvolvidos no Japão, juntamente com Dragon Slayer e Xanadu, ambos da Falcom. Levemente inspirado na série Ultima, é um RPG simples de ação onde um único personagem percorre o mundo de jogo, colidindo com inimigos para atacá-los, encontrando itens e subindo de nível. Apesar de ser considerado pelos japoneses como um verdadeiro clássico, é praticamente considerado uma piada pelo público ocidental.

Apesar de Hydlide ter sido um grande inovador em 1984, ele só chegou ao ocidente em 1987, quando a versão para NES foi publicada pela FCI. Isso foi vários meses depois que a Nintendo tinha lançado The Legend of Zelda, que é um RPG de ação muito mais refinado e avançado. Em comparação, Hydlide era irritantemente difícil e vago, com gráficos horríveis, música repetitiva e um sistema de combate estranho. Dois outros jogos da série Hydlide lançados mais tarde também passaram ridículo – Super Hydlide (uma versão do Hydlide 3) para o Mega Drive, que também contava com gráficos inferiores e ação desengonçada, e Virtual Hydlide para o Saturn, com gráficos digitalizados horríveis e um frame rate abissal.

Sim, os jogos Hydlide são definitivamente vítimas de sua idade. Mas se considerados no seu contexto, eles são joguinhos um tanto divertidos, se você tiver um pouco de paciência para lidar com o a jogabilidade simplista. Se não, eles podem pelo menos ser admirados por inspirarem a muitíssima superiora série Ys, da Falcom.

Uma coleção em CD para PC lançada em 2001 contém as versões para PC-88 de todos os três jogos Hydlide, assim como remakes do primeiro e do terceiro jogos. Ele também inlcui um museu com muita informação e entrevistas. Obrigado ao Fletcher Arnett por nos ajudar com isso!

Hydlide (ハイドライド) / Hydlide Special (ハイドライド スペシャル) – PC-88, PC-66, X-1, FM-7, MZ-2000, MSX, MSX2, PC-98, NES, Windows, Celulares (1984)

O Hydlide original apresenta um herói chamado Jim, que vive no mundo mágico de Fairyland, a ambientação de todos os outros jogos da série Hydlide. Sua missão é salvar a princesa Anne, que foi dividida em 3 fadas pelo demônio Varalys/Boralis, que também aparece como vilão em todos os outros jogos. Você deve resgatar as fadas e derrotar o demônio maligno. Não há muito texto ou história no jogo além do que é apresentado no manual.

A jogabilidade é parecida com a do primeiro Ys ou Legend of Zelda, exceto que não há nenhum desenvolvimento, música ou história. Você anda por aí, trombando em inimigos para ferí-los, como em Ys. Você pode ciclar entre modo de ataque ou modo de defesa apertando um botão, tentando causar dano e ficar vivo ao mesmo tempo. Estando em modo de ataque aumenta seu dano, mas diminui sua defesa, podendo causar sua morte, se não tiver cuidado. Na verdade, seu personagem vai morrer bastante, mas felizmente o jogo conta com a opção de continue.

Diferente de Ys, que requer que você acerte os inimigos de uma certa maneira, aqui não há tática no sistema, e tudo depende das suas estatísticas. Você sobre de nível, ganha magias, e tenta recolher os vários itens espalhados por todo o reino. Não existem pousadas ou personagens para você interagir, então sua energia e magia simplesmente se regeneram quando você fica parado, também como em Ys.

A área de jogo tem áreas marcadas e você pode dar a volta por todos os lados. O mundo tem apenas cinco por seis telas de tamanho, mas você vai ter que resolver uns quebra-cabeças (mais ou menos) e um pouco de tentativa e erro explorando para encontrar os itens e as fadas necessárias para vencer o jogo. Na versão para NES, a magia desempenha um papel vital – permite que você ataque certos inimigos que só podem ser derrotados por magia, ou queimar certos pontos do cenário.

Hydlide é bem difícil, mas tecnicamente não é muito mais difícil do que o The Legend of Zelda do NES sem as pistas. Algumas missões são simples – para se conseguir o lampião para se enxergar no subterrâneo, você precisa derrotar o vampiro, mas antes de poder até mesmo tocar nele, você precisa encontrar a cruz. Outros quebra-cabeças são muito mais obscuros – você precisa, por exemplo, incendiar uma árvore para entrar no Castelo de Varalys Castle, ou destruir uma pedra para drenar um lago e matar um dragão. Já que Fairyland é um mundo bem pequeno, você pode passar o tempo que quiser fuçando em cada cantinho, não é muito difícil de se solucionar alguns dos quebra-cabeças. Alguns inimigos, como os feiticeiros gêmeos e o já mencionado dragão d’água requerem um pouco mais de cabeça e esforço para serem derrotados. A tradução é confusa em pelo menos um item em particular – o “Fake Medicine” (Remédio Falso) age como um “auto-revive” de ação única, e é necessário para se derrotar o último chefe.

Hydlide foi lançado primeiramente para o computador PC-88 em dezembro de 1984, com um som horrível de furar os tímpanos e com a tela mudando para a próxima área toda vez que você chega na borda. A versão do X-1 adiciona o scrolling, e a versão para PC-66, apesar de ter gráficos em resolução menor, pode ser controlada por joystick e tem uma uma trilha sonora, mesmo que primitiva. A versão para F-7 é muito mais simples devido aos controles ruins, mas tem alguns inimigos à mais. A versão para MSX conta com um som levemente melhor e usa um sistema de senhas para salvar o seu progresso. Houve ainda outro lançamento, para o padrão MSX2, que é praticamente o mesmo jogo, mas com mais cores. A versão para PC-98 é a mesma que doe PC-88, mas com várias opções de velocidade. Em 1999, T&E Soft lançou um remake para Windows. Ela essencialmente põe uma camada de resolução maior sobre a versão para PC-88 – você pode mudar entre os gráficos novos ou os originais em tempo real – mas tem uma trilha sonora.

A única versão que era conhecida pelo público ocidental era a do NES, conhecida como Hydlide Special in Jano Japão e simplesmente como Hydlide no resto do mundo. É bem similar às versões para computador, mas recebeu upgrades, como magias e usa a música tema do Hydlide 2 – mais conhecida como uma cópia descarada do tema do Indiana Jones. O jogo tem um total de quatro faixas – o tema principal, que consiste de 99% de todas as músicas que ouve no jogo, o tema de entrada de senhas, a música do combate final, que toca quando você enfrenta o último chefe, e finalmente uma versão mais curta do tema principal, para celebrar sua vitória.

Hydlide também foi lançado para os celulares japoneses, duas vezes: a Bothtec primeiramente lançou uma versão menor do primeiro jogo em 2001, seguida por uma versão retocada de toda a trilogia 8-bit dois anos depois. Como na versão para Windows, esta permite que você mude entre os modos “Arrange”, com novos gráficos, e o  “Original,” que se parece com uma versão menor do jogo para PC-88.

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Em breve: Hydlide 2!