Knightmare II: The Maze of Galious (Konami, 1987)

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Knightmare II: The Maze of Galious (魔城伝説II ガリウスの迷宮) / Majou Densetsu: Dai Mashikyou Galious (魔城伝説II 大魔司教ガリウス) – MSX, Famicom (1987)

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Capa

Quando a Konami lançou Knightmare II: The Maze of Galious para o MSX em 18 de Abril de 1987, eles estavam no meio de uma maratona de lançamentos de dez meses/sete jogos de ação/aventura. Neste ponto, ambos Famicom e MSX tinham mais de três anos de mercado, e os jogadores japoneses estavam ávidos por jogos com uma jogabilidade mais “profunda”. Um ano antes, em 1986, o Japão recebeu The Legend of ZeldaMetroid, e Dragon Quest, que guiava o jogador com pistas visuais e verbais. Mas 1986 também trouxe aos japoneses coisas como o infame Atlantis no Nazo da Sunsoft, que tinha no seu maior desafio encontrar alguém que te contasse onde encontrar a próxima chave invisível. Maze of Galious está em algum lugar no meio do caminho, um casamento desconfortável entre os aspectos de RPG do Zelda, o design de fases do Metroid  e os quebra-cabeças indecifráveis do Tower of Druaga.

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A história continua logo após o Knightmare original: Popolon e Aphrodite, tendo acabado de derrotar o vilão Hudnos, retornam para seu lar, o “Castle Greek,” e o encontram tomado por demônios. E o pior de tudo, maligno sacerdote Galious derrubou os portões do céu e raptou o filho à ser concebido pelo nosso casal de heróis. Popolon e Aphrodite devem retomar o seu castelo, um mundo (?) de cada vez, antes de enfrentar o vilão para salvar o seu futuro bebê.

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Desde o começo, o jogador tem controle sobre Popolon e Aphrodite, que tem visual e gameplay quase iguais. Popolon pode quebrar blocos mais rapidamente e pular um pouco mais alto, mas não pode nadar; Aphrodite salta à uma altura constante e pode disparar mais projéteis de fogo que seu marido. O jogador pode alternar entre os personagens à qualquer momento, e terá de fazê-lo com frequência para conseguir explorar o labirinto.

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Apesar de ser um jogo de plataforma, ele é organizado quase da mesma forma que Legend of Zelda. As entradas para os dez labirintos do jogo estão escondidas ao longo do Castle Greek, que funciona da mesma forma que mundo exterior do Zelda. Os heróis ganham resistência ao derrotar os chefes, ganham força ao melhorar sua espada e escudo, e ganham novas habilidades ao coletar um arsenal de itens e armas especiais. Os inimigos deixam dinheiro, que pode ser gasto nas lojas, com flechas, que servem de munição para todas as suas cinco armas de longa distância, e chaves genéricas que destrancam os portões.

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Matar inimigos também dá “experiência” ao personagem, cuja barra quando cheia, recarrega a energia do personagem, mas nada além disso. A outra única forma de curar um personagem é entrar em uma das três salas especiais no castelo geral que têm uma poeira mágica colorida. Se o jogado ficar parado exatamente no ponto correto (que não é indicado de forma alguma) por cinco segundos, a poeira se condensa em uma fada que recupera sua energia. Se Aphrodite ou Popolon morrerem, a única forma de revivê-los é recuperando uma pilha de sal de dentro das entranhas infernais do castelo e levá-la ao Death’s Shrine. Seu progresso pode ser salvo pegando uma senha no Demeter’s Shrine. Não existem continues, à menos que um código secreto (Z-E-U-S) seja digitado na tela de abertura, que permite que o jogador recomece com a energia completa e sem perder o seu progresso (o que quebra completamente o jogo).

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Como no Zelda, Maze of Galious faz de cada um dos seus dez labirintos uma espécie de “mini-quest”, culminando num duelo contra o “Grande Demônio” daquele mundo. Além de um mapa, cada labirinto contém três itens secretos para ajudar o jogador: a Capa (Cape), que diminui o dano causado pelos chefes; o Cajado (Rod), que te dá munição ilimitada durante a luta contra o chefe; e a Água Benta (Holy Water), que diminui a energia do chefe pela metade. Usando a lupa, o jogador pode inspecionar as lápides espalhadas pelos labirintos até que uma delas revela um dos dez encantamentos em hebraico (ou algo que soa como) – por exemplo: Elohim, Yomar, and Hamalech. Digitar o encantamento correto na sala do chefe invoca o Grande Demônio.

Isso mesmo, você digita neste jogo. Apesar do Maze of Galious permitir o uso do joystick no MSX, ele usa frequentemente o teclado, e provavelmente é melhor que você o use para controlar o personagem, também. As setas movem o personagem, a barra de espaço é o ataque e a tecla M dispara a arma secundária. Apesar de terem um teclado QWERTY completo à disposição, os programadores cometeram o maior pecado capital possível para um jogo de plataforma – apertar para cima para pular. A tela de itens e o botão de pausa foram inexplicavelmente banidos para teclas F1 e F2  (além disso, ao apertar F2 para pausar o jogo faz com que Popolon sente numa privada).

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Os itens colecionáveis de Maze of Galious são a maior decepção para os jogadores atuais. Eles estão acostumados à jogos como Zelda, onde a maioria dos itens são ferramentas de exploração, que o jogador usa para acessar novas áreas do jogo. Mas não em Maze of Galious. Aqui, todo o mundo principal é acessível desde o início. Dos 39 itens diferentes, pelo menos 23 deles são opcionais.

Muitos deles simplesmente negam uma desvantagem menor de um dos dois personagens – o Anel (Ring), por exemplo, permite que Aphrodite destrua rochas com três golpes, ao invés de 15 – ou anulam inimigos particularmente incômodos. A Coroa (Crown) é um exemplo disso: ele faz com que os fantasmas do Mundo 2 sejam inofensivos. Outros itens removem maldições de certos labirintos. Estas maldições tornam os labirintos mais difíceis, mas não impossíveis, o que abre certas opções interessantes para speedruns. Sem o Manto (Robe), por exemplo, os controles do jogador ficam invertidos no Mundo 8.

Todos os itens, incluindo os obrigatórios, estão espalhados arbitrariamente pelo castelo principal. O jogo raramente se dá ao trabalho de te contar qual é o próximo item necessário para avançar, ou onde procurá-lo.

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As cinco armas secundárias são um pouco mais interessantes. Além das flechas básicas, existem as flechas de cerâmica que pode atravessar vários inimigos em sequência, o Fogo Rastejante (Crawling Fire), que segue em volta da plataforma onde o jogador está, o Outro Fogo (Other Fire) que corre pelo chão e pinga pelas bordas da plataforma, e as poderosas mas auto-destrutivas Minas. Cada uma destas armas é bastante útil em pelo menos uma luta contra um Grande Demônio, e a munição é abundante o suficiente para que elas possam ser usadas sem preocupação.

Apesar do jogo ser bem lembrado pelos fãs do MSX, ele é um jogo cruel, que é pouco característico da política “difícil mas justo” da Konami, e isso fica claro logo no início. Ao longo do castelo, morcegos negros ficam pendurados no teto, quase invisíveis graças aos seus pixels transparentes. Você vai bater neles constantemente. Existem mapas desnecessários até para os menores labirintos, mas ainda assim não há um mapa para o gigantesco castelo principal. Há ainda o “knockback” do Castlevania (você é empurrado para trás ao levar um golpe), e há várias situações onde um único erro te faz cair por várias tela até uma piscina de lava.

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MSX

Num toque de sadismo, a Cruz (Cross) – necessária para se derrotar o último chefe – está escondida atrás de uma parede quebrável não-marcada, depois de um abismo invisível sobre uma piscina de lava. O jogador deve chegar até este item pulando da plataforma acima exatamente no ponto certo, para que Popolon possa mudar de direção ainda no ar e quase não alcançar a plataforma inferior. Se este fosse o Super Mario Bros., isso seria mais aceitável. Mas não é. Este é o Maze of Galious, e você está fazendo isso com as setas de um teclado e a barra de espaço.

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Famicom

A versão para Famicom, Majou Densetsu II: Dai Mashikyou Galious (“Lenda do Castelo Demoníaco II: O Bispo-Demônio Galious”), foi lançado apenas quatro meses depois e tem um jogabilidade melhor. Mais um “remix” do que uma conversão, Dai Mashikyou conserta algumas falhas do seu predecessor no MSX. O hardware do Famicom permite scrolling e sprites maiores e mais detalhadas. Há um botão dedicado para pulo, e os controles são um pouco mais precisos. Apesar de ter apenas a metade do número de mundos do que o jogo do MSX, eles são significantemente mente maiores e mais “labirínticos”.

E o mais importante: Dai Mashikyou tem mais itens de exploração a la Metroid que permitem ao jogador acessar novas áreas do mundo principal: as Minas agora podem ser usadas para explodir certas partes do piso; e um novo item – a Bomba-Balão (Balloon Bomb) – destrói partes do teto. Ao invés de poder quebrar rochas desde o começo, agora o jogador ganha esta habilidade ao adquirir a Mongolian Sword. E como qualquer fã de “metroidvanias” pode confirmar, não há nada melhor do que usar um novo item para acessar uma área que até então estava fora de alcance.

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Famicom

Os outros detalhes continuam os mesmos. Cada labirinto tem as mesmas quatro opções de itens de ajuda. Sem um teclado, a mecânica dos encantamentos foi substituída por sequências de botões (como A, A, A, B, B, B). Infelizmente, ainda existem vários itens quase inúteis e itens super-poderosos, como a Adaga (Dagger) que apagava os morcegos e a Bíblia, que parava o tempo não estão presentes. Popolon e Aphrodite tem as mesmas vantagens e fraquezas que eles tinham no MSX, mas agora com um detalhe interessante: Popolon e Aphrodite agora conseguem descontos de vendedores do sexo oposto.

Nenhum dos dois Maze of Galious pode ser considerado como um dos melhores trabalhos da Konami da época. Eles não estão sequer entre os melhores da Konami em 1987 – o ano em que recebemos Metal Gear e Life Force. E comparado ao Dragon Slayer 4/Legacy of the Wizard da Falcom, que também foi lançado naquele ano, eles são bem simplórios. Mas eles tem tantas idéias boas que nos faz querer que a Konami revisitasse este capítulo da série Knightmare.

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Famicom

Há também um remake de fãs do Maze of Galious para PCs. Ele é baseado no jogo do MSX, com gráficos atualizados em SVGA e quatro opções de designs gráficos. Ele pode ser baixado aqui.

Comparativo de Fotos

Vídeos

MSX:

Famicom:

Windows (Remake):

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