Por Kurt Kalata 15 de junho de
Mappy (マッピー)- Arcade, Famicom, Game Gear, PC-6001, PC-8001, PC-8801, PC-9801, MSX, Sharp MZ, Sharp X1, FM-7, PlayStation, Windows, Nintendo DS, Wii, iOS (1983)
A luta do gato contra o rato já foi contada inúmeras vezes, desde histórias infantis, passando pelos desenhos animados, até chegar aos vídeogames. Mappy é a interpretação da Namco desta história, sendo um jogo de arcade de 1983 que conta com uma vaga influência de Pac-Man, somada com alguns elementos únicos de jogo de plataforma. O jogo foi criado por Eiji Sato, que mais tarde trabalharia em Dragon Buster.

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O herói é um rato policial chamado Mappy, encarregado de coletar um certo número de tesouros em uma casa. Uma legião de gatos o persegue pela fase, em duas variedades diferentes. Existem os gatos pequenos chamados Meowkies, que à princípio andam à esmo, mas então perseguem Mappy agressivamente, assim como um único gato grande chamado Goro, que age de forma mais ou menos independente. (O gato grande se chama Nyamco no Japão, sendo um trocadilho com “nyan”, que é a pronúncia japonesa do miado do gato, e Namco).

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Cada fase é divida em seis andares, além de um “sótão”, de onde os inimigos renascem. Não há botão de pulo, logo você só pode saltar entre os andares usando os trampolins espalhados pelo andar. Há também várias portas espalhadas pelos corredores. O único botão do jogo é usado para abrir e fechar estas portas, para acertar os vilões ou impedi-los de te perseguir. Mas cada fase tem algumas portas brilhantes de “micro-ondas” que, ao serem abertas, mandam uma onda pelo andar, limpando a tela momentaneamente a tela de quaisquer gatos inimigos que estiverem no caminho.

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Como na maioria destes jogo de perseguição, o objetivo é encontrar a forma mais eficiente de coletar todos os itens da fase, sem perder de vista onde estão os inimigos, para não ficar encurralado entre eles. Isso é um pouco difícil em Mappy, especialmente porque a tela se move, logo é impossível ver todos os inimigos da fase ao mesmo tempo. Além disso, a versão arcade usa um monitor vertical, o que limita sua visão horizontalmente.

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Mas evitar os inimigos é só uma parte da estratégia ao se jogar Mappy. Existem outras duas coisas que devem ser levadas em consideração – os períodos de invencibilidade e o sistema de pontuação.

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Enquanto Mappy está quicando nos trampolins, ele é completamente invencível – os inimigos simplesmente flutuam através dele (para compensar isso, um trampolim só pode ser usado um certo número de vezes seguidas antes que sua linha arrebente). No instante em que seus pés tocam o chão, ele está vulnerável aos gatos. Usar as portas também é importante – se Mappy abrir a porta pelo lado da maçaneta, ele será empurrado uma certa distância, mas ele também empurrará os inimigos e os derrubará, geralmente dando tempo suficiente para uma fuga rápida. Na verdade você não precisa estar junto à porta para abri-la – portanto que você esteja na mesma plataforma, mesmo à vários passos de distância, você ainda consegue abri-las ou fechá-las. Os gatos também conseguem abrir as portas, às vezes acertando à si mesmos, mas não conseguem fechá-las.
Existem alguns truques no sistema de pontuação, que utilizam uma mecânica de risco/recompensa. Todos os tesouros estão espalhados em pares. Se você pegar um, o outro começa à piscar. Se você conseguir pegar o segundo item que está piscando, você aumenta o multiplicador de pontos para até cinco vezes se você pegar todos os itens aos pares. É claro que pegar o segundo item geralmente exige que você atravesse a fase toda, o que te coloca em muito mais perigo. Alguns itens valem mais que outros, logo se você conseguir um multiplicador maior, você receberá uma grande recompensa. Também existe um limite de tempo para se prestar atenção, depois do qual os inimigos ficam mais rápidos e fantasmas começam à assombrar a fase.

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A forma com a qual você lida com os inimigos também te garante mais pontos. Quanto mais gatos você acertar com a “micro-onda”, maior será sua pontuação. Se você conseguir pegar Goro junto com os outros gatos, a pontuação dobra. Além disso, Goro age de uma forma um pouco diferente dos outros gatos, e ocasionalmente se esconde atrás de algum tesouro por alguns segundos. Se você pegar o item no qual ele está escondido, você consegue pontos extras e o remove da fase por algum tempo. Mas em compensação, se você errar o timing e ele saltar, há uma boa chance dele te pegar. À cada três fases você joga uma fase de bônus. Estas fases consistem inteiramente de trampolins, e você precisa estourar todos os balões antes que o tempo acabe.

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As fases vão ficando mais complexas à medida que você avança. No começo, os andares são divididos igualmente, com trampolins à cada poucos passos, tornando fácil fugir dos gatos. À medida que você avança, as fases se tornam mais dinâmicas, com andares mais longos e menos formas de se mover entre eles. As fases mais adiantadas incluem outros elementos, como sinos, que ficam pendurados no andar mais alto da fase e podem ser derrubados nos inimigos, e andares coloridos, que desaparecem assim que você anda sobre eles. Existem 16 fases diferentes, que se repetem e ficam cada vez mais rápidas à medida que você as repete.

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O jogo de arcade da Namco, como Rally-X e Xevious, é um dos primeiros à contar com trilha sonora, mesmo que simples. Fora os jingles, existem duas músicas em Mappy, o tema principal e o tema da fase de bônus, ambos compostos por Nobuyuki Onoki. O tema principal é alegre e extremamente viciante para um jogo de 1983. Mappy também é um personagem adorável, cujo design foi perfeitamente traduzido para sua pequena sprite. Sua animação ao morrer, onde ele cai e seus olhos giram, é bem engraçada.

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Mappy é um ótimo jogo, que pega alguns conceitos mais familiares e faz algo novo com eles, adicionando um pouco de profundidade ao sistema de pontuação e mecânica de jogo. Apesar de ter sido amplamente distribuído nos EUA pela Bally Midway, o jogo nunca emplacou. Ele fez um sucesso muito maior no Japão, mas mesmo lá não impressionou tanto quanto a Namco esperava. na verdade, para dar uso às suas placas de arcade encalhadas, Namco criou o lendário e infame Tower of Druaga.

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O jogo nunca recebeu versões para os computadores domésticos americanos e europeus, o que indica que provavelmente não foi muito popular, mas recebeu diversas versões para os computadores japoneses. Nenhuma das suas versões contemporâneas tinha a resolução vertical necessária para ter todos os seis andares, logo diminuir eles era geralmente a primeira alteração necessária. Outros problemas incluem scrolling e/ou movimento quadro a quadro, flickering, e sprites de pior qualidade. A maioria das versões têm música, adaptada para o hardware de som do computador em questão. Devido à todas estas mudanças, os movimentos dos inimigos foi alterado e nenhum é exatamente fiel ao arcade.
Muitas das versões para computadores foi feita pela Dempa. A versão para PC-6001 é a mais simples, com gráficos em resolução bem baixa. A qualidade começa baixa, com as versões para X1 e FM-7, e melhora nas versões para PC-8001, PC-8801, e PC-9801. Na verdade existem duas versões para X1, sendo que a segunda foi bastante alterada para melhorar a performance. A versão para Sord M5 tem um visual bem simples. A versão para MSX também é bem espartana, sendo uma das mais fracas apenas por ter apenas quatro andares, enquanto a maioria das demais versões conta com cinco. Há um patch feito por fãs que eleva esta versão para o padrão MSX2, o que basicamente se traduz em sprites mais detalhadas, similares à da versão para Famicom.
Uma das versões mais interessantes é a do computador MZ-700. Se uma placa PCG estiver instalada no computador, ele então pode gerar gráficos simples, com uma qualidade um pouco inferior à da versão para MSX. Mas sem ela, ele simplesmente não é capaz de gerar sprites, o que resulta nos personagens serem renderizados em cores e símbolos coloridos. Mappy e os gatos tem duas letras “o” para os olhos e triângulos para as orelhas, enquanto os os objetos são simplesmente as palavras “televisão” ou “pintura” em katakana. É um visual bem ridículo, mas considerando que a plataforma não foi realmente planejada para jogos, é basicamente uma obra de arte, de certa forma. Há inclusive um hack para a versão do Famicom que troca os gráficos do jogo pelas sprites bizarras desta versão.
A versão para Famicom é a melhor entre estas mais antigas, principalmente pelo fato de que o scroll e o movimento das sprites é mais fluído que das versões para computador, apesar de ter apenas cinco andares. A versão para Game Gear espreme tudo para caber na tela do portátil, também com cinco andares, mas seus visuais e jogabilidade são ótimos. Esta versão conta com um modo versus exclusivo, que pode ser jogado com dois aparelhos ligados por um cabo. Nela, ambos os jogadores competem, cada um na sua tela, para conseguir a maior pontuação possível. Apesar de cada jogador começar em sua própria fase e não poder interagir diretamente com o outro, quaisquer inimigos derrotados são enviados para a tela do oponente, para aterrorizá-lo.
A versão para Game Boy Color comete o grave pecado de rolar a tela verticalmente para adicionar mais andares, ao invés de diminuir tudo como na versão para Game Gear. Com isso, é bastante inferior. Mas ainda assim, as bordas usadas no Super Game Boy são divertidas. A versão para Game Boy Advance, da coleção Famicom Mini é baseada na versão para o Famicom, obviamente.
Mappy nunca foi oficialmente lançado para o X68000, mas existem duas versões não-oficiais para ele. Estas são melhores que todas as outras (incluindo a do Famicom), pois rodam em uma resolução que permite que todos os seis andares caibam na tela. Ambas são similares, mas a chamada “N Kei”, lançada em 1988, tem um placar mais legal, e troca os computadores por sistemas que parecem com o X68000.
Como aconteceu com vários clássicos dos arcades da Namco, a empresa lançou uma versão rearranjada (chamada Mappy Arrangement), juntamente com Galaga e Xevious na mesma placa. Ela é um pouco diferente, já que foi feita com dois jogadores em mente – a tela do jogo é dividida no meio horizontalmente, com o primeiro jogador na parte de baixo e o segundo na parte de cima (num detalhe bacana, o segundo jogador, de cor laranja, usa um óculos de aviador). Isso significa que cada jogador tem uma tela da metade do tamanho da original. Elas contam com cinco andares (você pode subir no sótão da primeira fase), mas cada andar é praticamente da mesma altura que as sprites. Parece bem apertado, e é um enorme desperdício de espaço se você estiver jogando sozinho.
Comparado ao outro modo multiplayer (o da versão para Game Gear), este é para uma competição mais “amigável” – vocês trabalham juntos para limpar a tela dos gatos, enquanto ainda tentam pegar todos os itens antes do outro jogador. Cada fase conta panos de fundo diferentes, com uma luta contra um chefe depois de algumas fases. Já que não existem outras opções de ataque, sua única opção é usar as portas de micro-ondas na hora certa. Desnecessário dizer que esta foi uma adição mal-planejada. A fases de estourar balões estão de volta, e desta vez usam a tela toda. e elas são também de orientação vertical, logo você precisa seguir para cima, ao invés de da direita para a esquerda.
Apesar da Namco ter convertido várias de suas versões rearranjadas em suas várias compilações, esta permaneceu exclusiva para os arcades, e por um bom motivo – nenhuma das suas características adicionais foi bem executada, e é um caso clássico de como os desenvolvedores não souberam como interagir com o o jogo original. O único aspecto bacana é um modo secreto que transforma Mappy e seus inimigos de suas versões cartunescas e “humanizadas” em gatos e ratos de visual realista. É surreal vê-los saltando pelas fases, apesar de suas proporções serem bem menores e ser difícil de ver qualquer coisa. A placa do jogo também conta com o Mappy original, que é basicamente o mesmo jogo de 1983, mas com o som levemente diferente.
A primeira versão oficial quase perfeita dos arcades para console saiu no Namco Museum Vol. 2 para o PlayStation. Esta versão permite que você vire sua TV para imitar a orientação do arcade, ou simplesmente rodar o jogo em uma resolução que mantém a proporção de tela correta, adicionando uma barra lateral. A maioria das versões subsequentes, como a do Namco Museum Virtual Arcade para Xbox 360 e Namco Museum para DS, também fazem isso.

Let’s Play TV
Em 2006 quatro aparelhos “plug-and-play” foram lançados como parte da linha Let’s TV Play Classic – dois da Taito e dois da Namco, cada um contando com dois jogos clássicos dos arcades, assim como versões rearranjadas. Namco Nostalgia 1 inclui Xevious e Mappy. A conversão do Mappy é bem próxima do arcade, mas conta com apenas cinco andares, e a música não é exatamente a mesma. Enquanto todos os outros jogos desta coleção contam com variantes especiais dos jogos originais, este aqui conta com um jogo totalmente diferente, inspirando no jogo Breakout. Você controla dois Meowkies segurando um trampolim, enquanto Goro salta para o topo da tela, quebrando caixas e pegando itens.

iOS
Mappy também foi lançado para o iOS. Esta versão conta com gráficos retocados que suavizam as bordas das sprites, enquanto mantém sua baixa resolução. Entretanto, o framerate é um pouco baixo. Foram adicionadas pequenas setas, para que você saiba a localização dos gatos que estão fora da tela. A tela de abertura conta com uma divertida versão ao piano do tema do jogo. Esta versão também conta com um novo modo de score attack chamado “Scramble”, onde você tem 120 segundos para conseguir a maior pontuação possível. Tecnicamente você tem vidas ilimitadas, mas ser acertado te deixa zonzo por alguns segundos, enquanto o timer não para. Todos os itens regulares foram trocados por outras coisas, e todas tem efeitos diferentes – o peixe faz com que os Meowkies ignorem Mappy por alguns segundos, a ampulheta paralisa todos os Meowkies, a máquina de costura remenda os trampolins para que eles não arrebentem, e assim por diante. Os itens não se ativam mais aos pares, mas existem multiplicadores de pontos temporários. Estes powerups reaparecem continuamente pela fase até o tempo acabar. Há também alçapões além das portas normais.
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Em breve: Hopping Mappy!