Por Chris Rasa
Warrior Blade: Rastan Saga Episode III – Arcade, PlayStation 2 (1992)

Flyer
Apesar do Rastan Saga II não ter alcançado o mesmo sucesso do jogo original, a Taito arriscou mais uma vez com a franquia alguns anos depois, desta vez transformando o jogo em um “beat-em-up” de scroll lateral.
A premissa novamente não tem relação com o jogo anterior. Desta vez, Rastan e seus dois companheiros viajam para a terra de Depon em busca de tesouros. Warrior Blade: Rastan Saga Episode III é meio que um paradoxo. Ele tem muitas novidades bastante avançadas, sendo a mais óbvia é que ele utiliza dois monitores de arcade lado a lado (assim como nos arcares do Darius II e X-Men) para criar uma área de jogo bem grande. Ele também conta com gráficos de fundo extremamente detalhados para um jogo de 1991, e suas sprites tem uma grande variedade de animações bem executadas. Como na maioria dos jogos do gênero, a variedade de inimigos diferentes é pequena, mas Warrior Blade copiou uma coisinha do Rastan original, e eles tem várias combinações de armas e armaduras, logo um mesmo tipo de inimigo pode aparecer de modo diferente, mantendo o jogo interessante.
Existem três personagens selecionáveis (o próprio Rastan, uma guerreira chamada Sofia, e um personagem ágil chamado Dewey), cada um deles com diferentes atributos. O jogo se move relativamente rápido para um jogo de luta de 1991, e é um dos poucos jogos deste gênero à incluir seções básicas de jogo de plataforma com sucesso. Seus personagens podem correr e também contam com alguns golpes especiais para te salvar de algumas enrascadas (incluindo também a possibilidade de se atacar inimigos que já estiverem caídos). A Taito até adicionou algumas fases com scrolling automático, onde você deve voar para cima montado num dragão ou escorregar montanha abaixo.
A parte mais interessante destas novidades é que os personagens podem coletar e usar ataques mágicos, de forma similar à série Golden Axe. Ao invés de se pegar e usar poções, estes ataques assumem a forma de um novo misterioso aliado de Rastan, um velho mago chamado Mahadidekaradi. Quando você o encontra (ao coletar uma bola de cristal que é encontrada quebrando-se objetos do cenário), ele te segue pelo restante da fase e uma barra representando o seu poder mágico é adicionada ao rodapé da tela. Sempre que você quiser, você pode golpeá-lo e ele usará seu poder mágico para ferir cada inimigo na tela usando uma variedade de magias diferentes. Uma quantia impressionante de atenção foi dada à esta parte do jogo, e cada magia não tem somente uma animação diferente, mas também um longo texto de invocação que pisca na tela enquanto seus inimigos são destruídos.
O paradoxo vem do fato que, apesar de todos estes avanços e da óbvia tentativa do jogo em lucrar em cima da onda do Final Fight, a jogabilidade geral do Warrior Blade é firmemente baseada na dos antigos beat-em-ups da Technos da metade para o final dos anos 80. Ao invés de ter combos pré-programados que acontecem ao se apertar o botão de ataque continuamente, cada personagem tem um grande número de ações diferentes, baseadas na posição do inimigo em relação ao seu personagem.
Em alguns casos, estes ataques podem ser alterados, dependendo da direção que você segurar no controle enquanto ataca. Isso torna seus personagens bastante versáteis, apesar de você contar com apenas um botão de ataque. Isso também desencoraja ficar apertando o botão de ataque sem pensar, já que você precisa esperar o momento certo para executar o ataque específico ideal para aquele inimigo, se quiser evitar ser subjugado. Se você for covarde o suficiente, você pode evitar vários confrontos com os inimigos, mas você geralmente leva um dano extra fazendo isso.
Além de tudo isso, o jogo permite também que você escolha a ordem das fases que deseja enfrentar. À princípio isso parece irrelevante, mas o jogo conta com várias fases de bônus que podem ser acessadas dependendo do seu nível de habilidade geral. Saindo-se bem nestas fases, faz com que Rastan e seus amigos consigam itens que aumentam permanentemente suas habilidades, ou que enfraquecem os seus inimigos pelo resto do jogo. Dependendo da sua habilidade, você pode terminar Warrior Blade jogando até 14 fases.
A apresentação do jogo invoca com sucesso uma atmosfera bem mais interessante que da maioria dos jogos do gênero. Sendo fiel à natureza dos contos do Conan escritos por Robert E. Howard, os chefes de fase são grandes demônios, mas que morrem de modo bastante anti-climático, com apenas um único grito enquanto se despedaçam. O próprio Rastan também não é realmente um herói, já que ele enfrenta estes horrores apenas para encontrar os tesouros destas terras. Um último detalhe foi adicionado, com o seu personagem mudando um pouco a postura de combate durante as lutas contra os chefes.
As fases selecionáveis contribuem para a sensação de descaso, já que mostra que Rastan não se importa com as terras em si ou com o povo que as habita. Seu único interesse é o dinheiro que ele pode obter em cada região. Além disso, o final é também anti-climático, indicando a possibilidade de você ter deixado passar tesouros, ou até um final melhor, mas que não se concretizaram. Rastan simplesmente segue viagem, em busca de mais aventuras. Bem parecida com a história do primeiro jogo, as motivações de Rastan são puramente mercenárias, procurando por riqueza para satisfazer suas necessidades pessoais mais imediatas, acima de todo o resto. E novamente temos um final de Rastan que vai completamente contra o tom definido no fim do jogo anterior (onde Rastan defendia as terras de “Rastania”).
Infelizmente, o jogo nunca foi lançado para nenhum console, até a sua aparição juntamente com outras pérolas mais deconhecidas, na série Taito Memories, lançada no Japão entre 2005 e 2007. Warrior Blade: Rastan Saga Episode III aparece no Taito Memories II Gekan. Ele oferece uma proporção de 8:3 com letterbox, e uma opção ridícula de 4:3, que achata a imagem horizontalmente para caber na resolução normal das TVs SD.
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Playlist com a trilha sonora: